Cerca de 4 milhões de casas são vendidas anualmente nos Estados Unidos, segundo dados da consultoria Statista. Um negócio em especial, contudo, chamou a atenção nos últimos dias. Jeff Bezos, fundador da Amazon, adquiriu uma propriedade em Miami pelo valor de US$ 79 milhões.
A transação em si pouco pareceria impactante – ainda mais para um comprador cuja fortuna fica próxima de US$ 200 bilhões. Bezos, inclusive, já mostrou que pode esbanjar sua riqueza de forma mais exuberante. Seu iate particular de 417 pés, por exemplo, custou mais de US$ 500 milhões.
O que atrai olhares curiosos ao negócio é quem está do outro lado da negociação. Antes de ser adquirida por Bezos, a propriedade em Indian Creek Village, em Miami, pertencia ao empresário Leo Kryss, um dos fundadores da TecToy, empresa brasileira que produz equipamentos eletrônicos como smartphones, relógios inteligentes, fones e caixas de som, dispositivos de automação para residências, entre outros.
Kryss nasceu na Alemanha, mas se mudou para o Brasil com dez anos de idade. Ele é formado em economia pelo Illinois Institute of Technology, nos Estados Unidos. Na década de 1970, ele assumiu o controle da Evadin, empresa criada por seu pai e que montava televisores e celulares na Zona Franca de Manaus.
O alemão naturalizado brasileiro se envolveu com a TecToy ainda no ano de fundação da companhia, em 1987. Uma reportagem publicada pela revista Exame em 1992 conta que Kryss fez uma ligação telefônica para o engenheiro argentino Daniel Dazcal, o primeiro fundador da TecToy, para sugerir uma parceria.
Ao lado do irmão Abe, ele injetou US$ 5 milhões no empreendimento que tinha sede no bairro da Lapa e uma fábrica em Manaus. Segundo a Exame, a família Kriss passou a deter 60% da operação, enquanto Dazcal manteve 30% do negócio. O executivo Stefano Arnhold, que veio da Sharp, recebeu 10% de participação.
A participação da família Kryss foi reduzida ao longo do tempo. Uma reportagem publicada no site da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) aponta que, em 2009, a família Kryss tinha fatia minoritária na operação. Dois anos antes, a TecToy havia pedido concordata por problemas financeiros que enfrentava.
Kryss também ficou conhecido no mercado por outros feitos no mundo de negócios. Em 1996, ele chegou a ser condecorado na Câmara Americana de Comércio, em Nova York, como “Homem do Ano”. Na época, a Evadin tinha faturamento de US$ 1 bilhão.
Antes de se envolver com eletrônicos, o empresário atuou no mercado financeiro também ao ter sido controlador da holding financeira Grupo Tendência. A companhia, que incluía uma gestora de investimentos e um banco, foi uma das maiores especuladoras da bolsa de valores brasileira durante a década de 1980.
Avesso às entrevistas e com pouquíssimas fotos publicadas na internet, Kryss mora nos Estados Unidos desde 2013 com sua mulher Beatriz e os filhos quadrigêmeos Sophie, Morris, Luiza e Naomi.
A operação imobiliária feita com Jeff Bezos, contudo, fez com que Kryss voltasse a ter seu nome exposto. Kryss alega que a transação não poderia ter sido feita pelos valores assinados, uma vez que ele não sabia quem era o comprador do imóvel de sete quartos, piscina e até cinema.
A briga de Kryss não é contra Jeff Bezos, mas sim contra a imobiliária Douglas Elliman, que recebeu uma comissão de 4% do valor transacionado. Através de seu advogado, Kryss alega que Jay Parker, CEO da corretora, negou que Bezos estivesse envolvido na operação. O fundador da Amazon já tinha imóveis na região.
Kryss, então, concordou em reduzir o valor pedido, originalmente em US$ 85 milhões (quase três vezes maior do que o montante pago em 2014) para US$ 79 milhões. Só depois que o negócio foi fechado é que Kryss ficou sabendo a identidade do comprador. É justamente essa falta de transparência que levou Kryss aos tribunais (e aos jornais).
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